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Quinta-feira, 25 de Agosto de 2005
Tudo fica bem ao homem novo. E os cães de Príamo
(Príamo suplica a Heitor que não vá ao encontro de Aquiles)

"Entra cá para dentro, meu filho, para salvares
os Troianos e Troianas e para não dares grande glória
ao Pelida, privando-te a ti próprio da vida amada.
Além disso tem pena de mim, um desgraçado que ainda sente;
um malfadado, a quem o pai Crónida na soleira da velhice
matará com um triste destino, depois de ter visto muitos horrores:
os meus filhos a morrer, minhas filhas a serem arrastadas,
minhas câmaras de tesouro pilhadas e crianças inocentes
a serem atiradas ao chão em aterradora chacina
e as minhas noras arrastadas pelas mãos funestas dos Aqueus.
A mim próprio, por último, às portas primeiras dilacerarão
os cães esfomeados, depois de alguém pelo bronze afiado
com estocada ou arremesso me privar da vida - os cães
que no palácio eu criei à minha mesa para guardarem as portas:
depois de em estado de loucura terem bebido o meu sangue
jazerão junto aos meus portões. Tudo fica bem ao homem novo
chacinado na guerra, quando jaz golpeado pelo bronze afiado.
Morto embora esteja, tudo nele é belo, tudo o que está à vista.
Mas quando os cães profanam vergonhosamente a cabeça grisalha
e a barba grisalha e os membros genitais de um velho morto,
isso é a coisa mais confrangedora que existe para os pobres mortais."

Ilíada, canto XXII, v. 56-76 (trad. Frederico Lourenço)
publicado por AG às 21:54
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O fogo, o fogo
Tal como quando nas fundas clareiras de uma sedenta montanha
lavra um fogo assombroso, e toda a floresta profunda arde
e em todas as direcções o vento faz rodopiar as chamas -
assim com a lança por toda a parte corria Aquiles como um deus,
pressionando os que chacinava. E a terra corria negra de sangue.

canto XX, v. 490-494

(Aquiles persegue e chacina os troianos que se refugiaram no rio Escamandro, turvando as águas de sangue. O rio ira-se e decide punir Aquiles, mas Hefesto vem em seu auxílio, lançando o fogo sobre a planície troiana, para contrariar a força das águas)

Primeiro surgiu o fogo na planície e queimou os mortos
numerosos que ali jaziam, chacinados por Aquiles.
Toda a planície ficou ressequida; a bela água, impedida.
Tal como quando na época da ceifa o Bóreas seca
um pomar há pouco irrigado e alegra-se o cavador -
assim ficou seca toda a planície e os mortos foram
queimados. Mas depois virou a chama brilhante contra o rio.
Arderam os ulmeiros e os choupos e os tamarindos;
arderam o lódão e os juncais e a junça, que crescia
com abundância à volta das belas correntes do rio.
Muito sofreram as enguias e os peixes nos torvelinhos;
estrebuchavam para cá e para lá nas correntes,
atormentados pelo sopro do ardiloso Hefesto.

Ilíada, canto XXI, v. 343-345 (trad. Frederico Lourenço)
publicado por AG às 21:52
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Quarta-feira, 24 de Agosto de 2005
Sim, Carolina ó-i-ó-ai
align=left> É este o lagarto pintado da saia da Carolina. Estou a tomar conta dele enquanto a Carolina está de férias. O lagarto tem medo de perder a cauda e não conseguir evitar chorar. Isto porque só pode chorar uma vez na vida, e seria um disparate fazê-lo por uma parte do corpo que - ele sabe - tem poder de regeneração. Mas angustia-o pensar que talvez não consiga controlar-se. E suspira, e dá ao rabo.
publicado por AG às 23:43
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Aquiles lamenta a morte de Pátroclo. Aquiles, fardo inútil sobre a terra
Assim falou; e uma nuvem negra de dor se apoderou de Aquiles.
Levantando com ambas as mãos a poeira enegrecida,
atirou-a por cima da cabeça e lacerou seu belo rosto.
Sobre a sua túnica perfumada caíu a cinza negra.
E ele próprio, grandioso na sua grandiosidade, jazia
estatelado na poeira e com ambas as mãos arrancava o cabelo.

(canto XVIII, v. 22-27)

(...)


Respondendo-lhe assim falou Tétis, vertendo lágrimas:
"Ai de mim, será rápido o teu destino, meu filho, pelo que dizes!
Pois logo a seguir de Heitor está a tua morte preparada."
Muito agitado lhe respondeu então Aquiles de pés velozes:
"Que eu morra logo de seguida, visto que auxílio não prestei
ao companheiro quando foi morto; deveras longe da sua pátria
morreu e precisou de mim como repulsor da desgraça.
Mas agora já não regressarei à amada terra pátria,
nem serei luz para Pátroclo nem para os outros companheiros,
que numerosos foram subjugados pelo divino Heitor,
mas jazo aqui junto às naus, fardo inútil sobre a terra,
eu que não tenho igual entre os Aqueus vestidos de bronze
na guerra, embora na assembleia outros sejam melhores.
Que a discórdia desapareça da vista dos deuses e dos homens,
assim como a raiva que leva o homem a irar-se, por sensato que seja;
raiva que muito mais doce que mel a escorrer
aumenta como se fosse fumo no peito dos homens:
foi assim que me irou Agamémnon soberano dos homens.
Mas a estas coisas permitiremos o já terem sido, apesar da dor,
refreando o coração no peito porque a necessidade a tal obriga.
E agora irei ao encontro de quem a cabeça amada me matou:
Heitor. O meu destino acolherei na altura em que Zeus
quiser cumpri-lo, assim como os outros deuses imortais."

(Ilíada, canto XVIII, v. 94-116)


Modo repeat: mas a estas coisas permitiremos o já terem sido, apesar da dor.
publicado por AG às 23:24
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Pátroclo morre às mãos de Heitor, deixando para trás a virilidade e juventude
Mas quando pela quarta vez se lançou como um deus,
então, ó Pátroclo, apareceu o termo da tua vida.
pois ao teu encontro em potente combate veio Febo,
deus terrível. E Pátroclo não o viu caminhando entre a multidão,
pois vinha ao seu encontro envolto em denso nevoeiro.

Atrás dele se posicionou Apolo e bateu-lhe nas costas
e nos ombros largos com a mão, fazendo-o revirar os olhos.
E da sua cabeça Febo Apolo atirou o elmo,
que ecoou enquanto rolava sob as patas dos cavalos:
o elmo com penachos, mas cujas crinas ficaram imundas
de sangue e de pó. Até áquele momento nunca os deuses
tinham permitido que o elmo com crinas de cavalo se sujasse,
pois protegera a cabeça e bela testa de um homem divino,
Aquiles. Mas foi então que Zeus deu o elmo a Heitor,
para pôr na sua cabeça, embora perto dele estivesse a morte.
E nas mãos de Pátroclo se quebrou a lança de longa sombra,
pesada, imponente, enorme e de brônzea ponta; e dos ombros
caíu ao chão o escudo adornado de borlas e o cinturão.
Desapertou-lhe a couraça o soberano Apolo, filho de Zeus.
Então o desvario tomou-lhe a mente e deslassou-lhe os membros:
estava ali de pé, atordoado. E nas costas com uma lança afiada
entre os ombros lhe acertou com o arremesso um dárdano:
Euforbo, filho de Pântoo, que se destacava dos da sua idade
no arremesso da lança, na equitação e na veloz corrida.
Já vinte homens ele atirara ao chão de seus carros,
à sua primeira chegada com o carro, ainda aprendiz da guerra.
Foi ele que primeiro te atingiu, ó Pátroclo cavaleiro,
mas não te subjugou. Correu para trás e imiscuiu-se na turba,
tendo arrancado a lança de freixo da carne; pois não se atreveu
a enfrentar Pátroclo, nu embora estivesse, na refrega.
Mas Pátroclo, acabrunhado pelo golpe do deus e pela lança,
retrocedeu para junto dos conterrâneos, para evitar a morte.

Só que quando Heitor viu o magnânimo Pátroclo
a retroceder, golpeado pelo bronze afiado, atravessou
as falanges para se acercar dele e deu-lhe uma estocada
com a lança no baixo ventre; a lança trespassou-o por completo.
Tombou com um estrondo e muito se entristeceu a hoste dos Aqueus.
Tal como quando um leão vence pela força um inquebrantável javali,
quando nos píncaros das montanhas lutam ambos, orgulhosos,
por uma exígua nascente de água, pois ambos querem beber;
e muito resfolega o javali, mas o leão vence-o pela força -
assim ao valoroso filho de Menécio, depois de matar muitos,
Heitor Priâmida tirou a vida, ferindo-o de perto com a lança.

canto XVI, v. 786-828
publicado por AG às 23:19
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As mortes a caminho da morte
Quem primeiro e quem por último, ó Pátroclo, mataste,
quando os deuses te chamaram para a morte?


Ilíadacanto XVI, v. 692-693 (trad. Frederico Lourenço)
publicado por AG às 23:17
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Cá vamos pela estrada fora
Eu e o lagarto pintado da saia da Carolina.
publicado por AG às 11:59
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Declaração de princípios
Sou, basicamente, uma pessoa séria; portanto, não preciso que me levem muito a sério.
publicado por AG às 10:57
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Terça-feira, 23 de Agosto de 2005
Pátroclo mata Sarpédon, filho de Zeus e comandante dos Lícios, aliados dos troianos
Só que mais uma vez Sarpédon não acertou com a lança luzente,
mas por cima do ombro esquerdo de Pátroclo passou a ponta
da lança, sem o atingir. De seguida com o seu bronze arremeteu
Pátroclo: e não foi em vão que o dardo lhe fugiu da mão.
Atingiu Sarpédon na zona dos pulmões e do coração palpitante.
Tombou como tomba carvalho ou choupo
ou alto pinheiro, que nas montanhas os carpinteiros
cortam com machados afiados para a construção das naus -
assim tombou Sarpédon à frente do carro e dos cavalos e jazeu
estatelado a gemer, agarrado à poelha ensanguentada.
Tal como um leão se mete no meio da manada e mata um touro,
fulvo e audaz no meio dos bois de passo cambaleante,
que morre com um gemido devido às mandíbuilas do leão -
assim debaixo de Pátroclo o regente dos escudeiros Lícios
estrebuchou na morte e chamou pelo companheiro amado:

"Meu caro Glauco, guerreiro entre homens: agora é preciso
que sejas um verdadeiro lanceiro e corajoso combatente.
Que a guerra maligna seja o teu desejo, se és rápido lutador.
Primeiro incita os comandantes dos soldados Lícios,
percorrendo todos, a porem-se de plantão à volta de Sarpédon.
Depois combate tu com o bronze, para me defenderes.
Pois serei para ti no futuro motivo de arrependimento e censura
todos os dias da tua vida continuamente, se os Aqueus
me despirem das armas, morto na conglomeração das naus.
Age agora com potência e incita toda a nossa hoste."

Enquanto falava, o termo da morte veio cobrir-lhe os olhos
e as narinas. E Pátroclo pôs-lhe o calcanhar no peito
e do corpo arrancou a lança; os pulmões vieram atrás.
E assim de uma só vez arrancou dele a alma e a ponta da lança.

(canto XVI, v.477-505)


mais tarde...

E nem um homem que conhecesse bem o divino Sarpédon
o conseguiria reconhecer, visto que estava totalmente coberto
de dardos, de sangue e de poeira, da cabeça às solas dos seus pés.
De roda do cadáver se reuniam, tal como quando as moscas
no curral zumbem de roda de baldes repletos de leite,
na estação primaveril, quando o leite enche os baldes -
assim se reuniam eles em torno do cadáver."

Ilíada, canto XVI, v. 638-644 (trad. Frederico Lourenço)
publicado por AG às 09:06
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Heitor censura Páris (Alexandre). E a morte é escarpada.
Um guerreiro ele encontrou à esquerda da batalha lacrimosa,
o divino Alexandre, esposo de Helena de belos cabelos,
a encorajar os camaradas e a incitá-los a combater.
Acercando-se dele dirigiu-lhe palavras humilhantes:

"Páris devasso, nobre guerreiro somente na cuidada aparência,
desvairado por mulheres e bajulador!
Onde estão Deífobo e a Força do soberano Heleno
e Adamante, filho de Ásio, e Ásio, filho de Hírtaco?
Onde está Otrioneu? Agora se afundou na ruína
toda a íngreme Ílion! Agora está garantida a morte escarpada."

Respondendo-lhe assim falou o divino Alexandre:
"Heitor, visto que é tua intenção culpar quem não tem culpa,
na verdade outras vezes tive mais vontade de me retirar da guerra,
visto que não de todo imbele me gerou minha mãe.
Desde que para o combate junto às naus tu incitaste os camaradas,
desde então aqui temos estado a provocar os Dânaos
continuamente. Morreram os companheiros por que perguntas.
Somente Deífobo e a Força do soberano Heleno
se afastaram, ambos feridos por lanças compridas
no braço; porém o Crónida afastou a morte.
Mas agora lidera para onde o espírito e o coração quiserem.
pela nossa parte segui-te-emos com afinco, e não penso
que nos falte valor, enquanto sentirmos força. Além da força
é que não se pode combater, por muito que se queira."



Ilíadacanto XIII, v. 768-787 (trad. Frederico Lourenço)


(Várias vezes Heitor acusa o irmão de leviandade e cobardia - e a própria Helena não está muito convencida das qualidades do seu novo marido e raptor).
publicado por AG às 09:05
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