Sexta-feira, 29 de Abril de 2005
O Grande Estuário - 2030, uma cidade sem petróleo
É hoje apresentado publicamente o projecto
O Grande Estuário -
um projecto partilhado de arquitectura, psicogeografia e gestão territorial. Trata-se de um estudo multidisciplinar sobre a Cidade de Lisboa, Área Metropolitana de Lisboa e Região de Lisboa e Vale do Tejo, na perspectiva da próxima grande revolução da humanidade: a Sustentabilidade. O projecto baseia-se num pressuposto da falência não muito longínqua do petróleo como fonte de energia. Sugere-se a leitura da
apresentação do projecto, que já tem também algum
material gráfico disponível.
border=0 vspace=5>A ideia e direcção são de António Cerveira Pinto (Art) e Carlos Sant'Ana (Arq), a realização da Aula do Risco e S'A Arquitectos. Um Observatório, uma agência de viagens, um Simulador de Futuros e um Banco de Horas são os quatro principais núcleos do projecto, que aceita, no âmbito do referido Banco de Horas, a participação voluntária daqueles que, tendo algum tempo e interesse no projecto, queiram colaborar.
A apresentação terá lugar hoje, às 20h00, na galeria Quadrum (Rua Alberto Oliveira - Alvalade, Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus).
Quarta-feira, 27 de Abril de 2005
Pergunta: Abril é o mês mais cruel?
BLOSSOM
Mary Oliver, poema de American Primitive. Passando à frente os entremezes didácticos, há mais algumas respostas interessantes aqui.
As andorinhas falam durante a noite
É mesmo verdade. No Verão passado pude ouvi-las muitas vezes, a cochichar baixinho durante a noite, como aquelas meninas que vão para a cama e ficam horas a conversar e a rir-se baixinho. Parvinhas. Este ano ainda não as ouvi - suspeito de que são apenas as crias que fazem aquele pi-pri-pi baixinho e meio abafado, às vezes em tom de chega-te-para-lá-que-estás-na-minha-metade-da-cama.
Seja como for, as andorinhas adultas já estão cá, para dar com as minhas gatas em loucas. Dá-se o caso, por capricho arquitectónico, de o ninho delas ficar a uns 40 centímetros do focinho das gatas, mas com uma janela fechada pelo meio. Elas vêm a voar lá do fundo, direitinhas às garras das gatas, mas quando estão mesmo a chegar fazem uma curva repentina e entram no ninho. Às vezes pousam só à entrada, olham em volta, sacodem a cauda - assim, à vista de toda a gente. As gatas gemem, urram, tremem-lhes os maxilares de indignação.
E as oliveiras-do-paraíso em flor
O ano passado foi o da descoberta de que
aquelas árvores cujo perfume conhecia há anos se chamam oliveiras-do-paraíso.
Esta noite descobri que há algumas destas árvores no jardim da frente da sede da CGD. Quem sobe a Av. João XXI não deve, sob pretexto algum, ignorá-las. O perfume das pequenas flores atravessa a rua, por cima do túnel e do trânsito. E eu gosto de ser presa assim, pelos sentidos mais silenciosos e invisíveis. É portanto tempo de abrir de novo o meu mapa das oliveiras-do-paraíso de Lisboa - um mapa que liga a Cidade Universitária ao jardim da Gulbenkian, agora também à João XXI, segue da rua das Amoreiras até ao largo de Santos e dá um saltinho a Belém. Depois, no mapa há uma longa ponte que vem terminar aqui, ao pé de minha casa. Nesta altura do ano, costumo mudar o meu percurso diário entre casa e a estação para poder passar por elas todos os dias - são duas, ao pé uma da outra, ainda franzinas.
O pedinte electrónico
Conheço-o, de ver e ouvir, há vários anos. Começou por ter uma guitarra só com uma ou duas cordas. Tocava geralmente sentado, notas lentas e moles, a um ritmo constante, como de quem não tem horas para começar nem para acabar. Assobiava a acompanhar a guitarra, e de vez em quando batia na caixa de ressonância, para marcar o compasso. Tudo junto era um caldo metálico e melancólico que não me desagradava.
Um dia vi-o com a guitarra nas mãos, sem uma única corda; já só batia na caixa e assobiava. Passado pouco tempo, vi um homem que lhe mostrava um daqueles mini órgãos electrónicos, do tamanho dos que se dão às crianças para torturar os pais, com músicas pré-gravadas. Ele olhava para a velha guitarra sem cordas, depois para o órgão; abanava a cabeça, como se pouco convencido.
Hoje vi-o sentado no chão, na Baixa. Apertava o órgão contra o peito, carregando no botão que tocava a música. Ia assobiando distraidamente e ao mesmo tempo lia o jornal.
Terça-feira, 26 de Abril de 2005
Um sonho tornado realidade
Já está à venda na Europa esta coisa fantástica: um telecomando, muito discreto, que tem apenas um botão para
desligar. E desligar o quê? Ora, a televisão. Qualquer televisão, de qualquer marca. Já estou a imaginar-me nas salas de espera dos consultórios, ou num centro comercial em dia de final de uma qualquer taça de futebol. Será que funciona com os ecrãs do Metro?
Sexta-feira, 22 de Abril de 2005
Modo citação: Baltasar, de Lawrence Durrell
"Onde pode refugiar-se um homem que verdadeiramente pensa, no chamado 'mundo real' como se pode ele defender contra a estupidez se não pela prática constante do equívoco? Responda-me. Sobretudo um poeta. "
Lawrence Durrell, excerto de Baltasar, Quarteto de Alexandria - 2, ed. Ulisseia, trad. de Daniel Gonçalves
Quinta-feira, 21 de Abril de 2005
Síndrome da descoordenação mental
Não sei se já há diagnóstico clínico para isto, mas entre os sintomas encontram-se situações como esta: quando numa página web nos é pedida a password, perguntar a si mesmo em que dia estamos; ao terminar de lavar os dentes, abrir a torneira e, em vez de limpar a escova de dentes, ensaboar e lavar as mãos; ir à prateleira buscar a chave e voltar com um CD.
Quarta-feira, 20 de Abril de 2005
Não há fome que não dê em farturas: descontos na Assírio
No dia Mundial do livro, 23 de Abril, a Assírio vai fazer descontos de 50% em todos os livros do seu catálogo (excepto novidades e manuseados). Nas livrarias da Assírio, claro.
Portanto, este fim-de-semana temos festa da música, Indie e Assírio. Isto e um novo papa - não pode ser coincidência. Estes romanos são loucos.
Revista de imprensa: novidades no 24 Horas
O 24Horas tem agora, ao fim-de-semana, uma revista cheia de coisas magníficas. Ainda melhor do que a edição normal. Nas últimas semanas, os artigos incluiam:
- um especial As 10 herdeiras mais cobiçadas de Portugal (cada uma com sua foto e pequeno carimbo com a idade, que eles não estão aqui para enganar ninguém);
- Os 10 homens mais charmosos de Portugal (Mourinho em segundo lugar; o painel de eleitoras incluía a Maya);
- a reportagem Veja como se divertem os ministros na hora do recreio;
- e uma entrevista em que ficamos a conhecer toda a história clínica do aparelho reprodutor de Clara Pinto Correia, com o título "Comecei a tentar engravidar assim que fui viver sozinha". Assim mesmo.